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Lindos versos escritos no verso daquele recado que mandei para ti, mas fui censurado. Censurado pela falta de espaço em meus cadernos e pela falta de bytes em meu computador. O palco estava pequeno, enquanto meu mundo particular virara infinito, transbordavam letras, dizeres, versos e trovas. Quero zero de empecilhos para publicar o que percebemos, o que sentimos, o que musicamos e provocamos. A transitoriedade da vida não nos permite ficar inertes enquanto vivemos, logo produzimos. A inquietude que nos caracteriza produz obras que camuflam a referida efemeridade e nos fazem eternos. Nossas obras, enfim todas as obras mundo afora, não são para ficarem escondidas, tímidas e acuadas. Elas precisam do ar, do vento, do sobro e do colo da liberdade para viajarem e permitirem aos outros se deliciarem, ou mesmo cuspirem um pouco delas, mas, enfim, experimentá-las com total despretensão e sem censura. Com plena Censura Zero. Este é o nosso espaço.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Aquelas meninas


(Flaygner Matos em 28-11-2011)

Onde estão aquelas meninas?
Cultas, não óbvias
Impulsoras da modalidade humana
Onde posso vê-las desfilar?

Onde quer que eu vá
Vejo meninas dispersas, sem sonhos
Num cavalo branco, o status ou poder
Tiranos as podem ter

E onde andam as meninas?
Aquelas que sonhávamos
Sorridentes em gargalhadas honestas
Maduras, inteligentemente discreta?

Onde vai a humanidade
Sem as meninas maduras, dinâmicas?
A quem apetecer o masculino
A quem a química ou o instinto?

Carruagens caras
Desfiles de uma pompa rica
Ostentar suas vaidades
São seus novos sonhos

Onde estarão as meninas
Aquelas meninas de prece?
Quem serão as novas meninas
Convertidas ao que lhes oferecem?

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O que te leva não é o que te traz

(Paulo Robson)

Raios que nos iluminem
Nuvens que nos afastem
Da imbecilidade dos homens
Que pensam que sabem viver

Ignorem os nossos contatos
Com o tato e com a visão
Da ignorância dos homens que pensam
Que têm tudo nas mãos

Porque as mentiras já não levam mais
Ao lugar e a quem nos levou
Vícios que ficam pra trás
São indícios de quem nos deixou

Melhorar em que
Se ainda tenho que dizer
Não te machuques mais
Não penses assim
O que te leva não é o que te traz

Mudanças que ainda iremos enfrentar
Mentes despoluídas dos pobres poderes

Melhorar em que
Se ainda tenho que dizer
Não te machuques mais
Não penses assim
O que te leva não é o que te traz

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

O piloto do mundo


(Flaygner Matos)

Não vou acordar bem cedo, baby
Pra ver a Fórmula 1
Se não é o Airton, Baby
Não vejo graça em nenhum

É dia de domingo, Baby
Vou pra missa rezar
Esperar que chegue logo a segunda-feira
Pra de novo ir trabalhar

Se deito no sofá
Pra assistir televisão
Começo logo a suar
Não sinto nenhum tesão

Tem bunda de pagodeira, Baby
Tem peito de Rapunzel
Na minha cabeça uma doideira
Quero mesmo ir logo pro céu

Resolvo tomar uma dose de conhaque
Pra não me desesperar
É uma agonia doida, Baby
Ver o domingo passar

É um processo circuncisfláutico
Ver o domingo passar
Não consigo nem mesmo jogar no buraco
Só sinto a preguiça no ar

As constelações ainda são aquelas
De quem nos falava o Raul
O que faltam agora são estrelas
No céu só vejo urubu

Se assisto ou leio o jornal
Reforço ainda mais a idéia
De que tudo por aqui vai acabar
Mas como se ainda nem começou

O piloto do mundo perdeu o controle
Vamos saltar de paraquedas
Sem saber onde cair

Será que aquela ainda é a luz do sol
Será que já não estamos sós
S.O.S. a terra pede ajuda
Será que estou traindo Cristo como fez Judas

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Breve Humanidade

(Paulo Robson)

Uma breve existência da humanidade
Que vive na aparência de eternidade
E viverá dias de sorte
A implorar vida à morte

Somos sóbrios de coragem
Aflitos por ambição
Ébrios de mentiras
Que partem o coração

Somos Deus, somos uno e a criação

Anuncio nas canções
A falsa vitória
Em deixar pra depois a lenda de glória
O que o ódio faz é a guerra

Uma semente da dor

Homens sem casa
Sonhos sem asa
Jardins sem flor
Sob um céu de calor

Você sem o sol da manhã
De um amanhã que se foi

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mais um trago

(Flaygner Matos e Fredy Matos)

Mais um trago de uma frase não pensada
Mal formada, me foi dada
Ao som do meu silêncio

Mais um gole de veneno
Preparado com um ódio tão pequeno, mas ameno
De uma lágrima que caiu

Mais um corte de pensamento
Ainda escuro e obscuro
Clareado quando a luz se acendeu.

Ah!
Enquanto a sede não seca a garganta
Enquanto a dúvida não muda a amizade
Enquanto traição não paga com vingança
Eu vou tentando apagar minhas lembranças

Mais um sopro de uma vela
Tão calada e tão dormente
Quando a alma deixa o corpo

sábado, 12 de novembro de 2011

Música para ti

(Paulo Robson)

Teu penteado me fascina
Tua boca me alucina
Te desejo, te adoro
Finjo que te ignoro

Porque um dia tu me terás

Tua presença de desejos
Nos meus olhos os teus beijos
Só há beleza no teu espelho
Há sedução no batom vermelho

Com o qual tu me beijarás

Mas tu teimas em dizer que não me quer
Não aceito viver outra mulher

Fica comigo esta noite e não te arrependerás

O teu corpo de menina
O teu olhar me assassina
Me despertas o ciúme
Ah! Teus cabelos, teu perfume

Espalham a libido pelo ar

Quanta dor sem te ter
Dói tanto, tanto sem jeito
Da flor que te dei
Há um espinho cravado no peito

Mas verás que sou eu
O homem que nasceu para ti
Para te amar

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mistérios e Castelos

(Paulo Robson)

São propósitos satíricos e traiçoeiros
São falsidades, calúnias, idéias fixas.
São atos de desprezo
Quero interpretar o que os seus olhos me dizem
Mas a boca teima em não dizer

Vejo nas suas rendas
Ódios pequenos carregados sem se revelar
Sinto no seu trato a ausência do afago suspirando, só por suspirar.

Não compreendo essas cenas que você sempre constrói
Só vejo cartas marcadas que te levam a ganhar
Não sou um boneco em suas mãos
São seus mistérios que me atraem
São ruínas seus mistérios
São castelos medievais

São mistérios escondidos e trapaceiros
São palavras denotadas, conotadas.
Que camuflam e escondem seus medos
Quero me afastar desses seus olhos que me corroem
E me fazem morrer

Não compreendo essas cenas que você sempre constrói
Só vejo cartas marcadas que te levam a ganhar
Não sou um boneco em suas mãos
São seus mistérios que me atraem

E veja só nesse adeus
Eu te dizer que jamais
E que jamais nós nos veremos e acabaremos com tudo
Que os seus castelos não me deixam explorar

Distante

(Flaygner Matos)

Hoje, vou te fazer uma canção
Que me faça lembrar dos nossos passos
E nossa dança imaginária
Que me leve até você assim... Tão distante

Que limpe minha alma e me dê coragem
Que ti dê a satisfação de me ter
Vou te fazer uma canção pra dançar junto
E apagar o teu passado

Sinta o vento soprar
Ouça bem o que ele diz
E durma com a luz na madrugada

Veja o céu que pintei
Foi pensando em ti dar
E na minha saudade
Vou te recriar

Jaz

(Flaygner Matos)

Já não sei se é hora de partir ou de chegar
Pois se Deus ali no céu já se encontra...
Já não quero mais saber da paz, perder o gás
Pois minha paz está na guerra ao meu redor

Chega de forçar a trabalhar
Naquilo que não acredito
Pois se a vida continua a estacionar
Não vou morrer por isso

Quero a chance de olhar pra trás, morrer em paz
Pois se o vento já levou minha alma, jaz!
Não suporto a dor perto de mim, um pensamento assim
Que me leva ao pior lugar do mundo

Quero levantar minha alma então, sair do chão
Deixar pra trás o demônio que afundou o mundo

Quero levantar então
Ou poder sonhar em vão
Vou lamber os pões do mundo
Vou fingir que o mundo é mudo

Quero levantar então
Ou poder sonhar em vão
Vou lamber os pões do mundo
Vou fazer do escuro escudo

Medo

(Flaygner Matos)

Quando foi mais forte o medo
Quanto é que ele superou nosso desejo
Quando se fez presente
E me tirou o sorriso dos contentes

Somos o que somos, sem medida
Nossas sombras não nos fazem companhia
Meus pensamentos preferem calar
Quando a luz se acende em seu lugar

Então é medo que me deixa escondido
É receio que faz de mim apenas um amigo

Quando passar essa chuva
Será que ainda vai estar resfriada
Com febre do amor por mim
Louca pra soltar um sorriso assim

E quando bater a sua porta não sei
Se vai dizer até logo ou adeus
Mas ainda assim vou arriscar tudo
Pois não vim até aqui pra ficar mudo

Então me diz que não me esqueceu
Que aquele amor ainda é meu
Vem e fala o que tenho pra ouvir
Me beija a boca pra me fazer sorrir

Mal por nós

(Flaygner Matos)

Ouvir você dizer que agora está tudo indo bem
Trás uma dor que eu sabia existir
Só não estava pronto então, a lhe ouvir dizer
Agora dói tanto que sinto a cor da dor

Parece até ser mal por nós
Mas nem tanto assim essa dor é triste
Bem que se ela lhe trás a felicidade
Para mim a tristeza se vai

Talvez nem vá
Apenas se esconda
Atrás do medo de sofrer
Ou do meu faz de conta

Não sei ao certo a dor que sinto
Que aperto é esse aqui no peito
Sutil e devastador ao mesmo tempo
Então leva e traz a minha paz, quando vai e volta

Falar em mim é lhe ter sempre por perto
Mesmo que não lhe tenha outrora
Mas assim seria eterna a dor
Ao saber que feliz seria então

Um som leve e triste
Numa canção do Raul
Solidão agora
Coração cheio amanhã

Sinto engasgar meu coração garganta
A comida voltar pela boca
Lágrimas nos olhos a cada palavra insólita
Aos deslizes do que me dizes

Falar em mim é lhe ter sempre por perto
Mesmo que não lhe tenha outrora
Mas assim seria eterna a dor
Ao saber que feliz seria então

Folhas de Outono

(Paulo Robson)

Lindos versos escritos no verso
Daquele recado que mandei para ti

O meu luxo seria ser bruxo
Fazer uma porção e te possuir

Tua face é um lindo disfarce
Da fera que mora dentro de ti

Enquanto folhas de outono vêm me avisar
Que a qualquer hora a morte pode chegar
Enfrento dores deveras
Na primavera vendo as flores me abraçar

Vivo assim um Carpe Diem
Um dia bom, outro ruim
Céu nublado vem me avisar
O saber que o sol vai brilhar de novo pra mim

Nos meu livros vi o teu nome
Junto ao meu nome, me fez sorrir

O teu cheiro, cheio de cor
tinha sabor e pude tocar

Tuas palavras sempre tão raras
Tão puras, tão caras pra me contentar


Enquanto folhas de outono vêm me avisar
Que a qualquer hora a morte pode chegar
Enfrento dores deveras
Na primavera vendo as flores me abraçar

Lembro de ti, formas claras
Formas raras, formas de encanto
Vem sustentar o meu pranto
Que ainda hoje brota de mim
Por temer o fim.